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O futuro do esporte: interessante, rápido e furioso

Jogador de futebol Kramaric, de uniforme branco, é cercado por seis adversários, de uniforme vermelho e preto, dentro da área; gráfico mostra que a probabilidade do atacante fazer gol é de 4%. Interação faz parte do futuro do esporte.
No Campeonato Alemão, fãs acompanham jogos com estatísticas avançadas em tempo real, fruto de parceria com a Amazon (Imagem: Bundesliga)

O Golden State Warriors conquistou o quarto título da era Stephen Curry na NBA num espetáculo para 14 milhões de fãs nos EUA – audiência 22% acima das finais da temporada anterior. Apesar do aumento, a média de telespectadores no campeonato ficou, no entanto, abaixo dos anos pré-pandemia e já vinha caindo desde 2016. Tal tendência, que pode comprometer o futuro do esporte, não é exclusiva do basquete, também acontece com o beisebol norte-americano e até com o futebol brasileiro, que em 2021 registrou o pior patamar de audiência dos últimos cinco anos.

Em entrevista recente o dono do time da NBA Dallas Mavericks, Mark Cuban, disse que as ligas esportivas erram ao insistir no atual formato de exibição para o público, principalmente sob o ponto de vista das novas gerações. “Não vamos conseguir que um garoto de 16 anos fique sentado por um jogo inteiro, assistindo. Isso simplesmente não vai acontecer.” Cuban está certo. A atenção dos jovens não está na TV tradicional.

Realidade aumentada oferece uma nova imersão para dentro do jogo. Em breve torcedores terão a mesma experiência no estádio. (Video: Immersive.io Sports)

Geração Z

Três em cada cinco membros da Geração Z, que hoje têm entre 18 e 24 anos, passa mais de três horas por dia nas mídias sociais, segundo o US Media Consumption Report 2021, da empresa de pesquisa Attest. A preferência (60%) é pelo TikTok, a quem o empresário do Dallas se referiu como “o futuro da mídia esportiva” por conta dos algoritmos que acertam nas sugestões de conteúdo interessante, rápido e furioso para os curtos períodos de atenção dessa geração.

Neste contexto, a Bundesliga da Alemanha fez uma parceria com a Amazon para criar o Match Facts e se aproximar dos fãs. Captura milhões de dados por partida que, analisados por inteligência artificial, fornecem estatísticas avançadas em tempo real. No decorrer do jogo o torcedor tem informação sobre movimento dos jogadores, pressão da defesa, probabilidade de gol, entre outros números que o ajudam a entender o esporte de outra maneira. Muito em breve a tecnologia estará disponível dentro dos estádios e os fãs, com ajuda de realidade aumentada, acompanharão o campeonato alemão como num jogo no videogame.

Na ação

Drones e câmeras nos próprios atletas colocarão o expectador próximo à ação, onde hoje ele não consegue chegar. O próprio torcedor escolherá o ângulo que deseja acompanhar os lances. E talvez ele tenha ainda mais poder: nos EUA, torcedores de uma liga alternativa futebol americano, a FCF, dão as ordens que os jogadores executam em campo a partir de uma escolha de jogadas via aplicativo.

Na FCF torcedor faz a escalação e os jogadores executam as jogadas determinadas pelo público. Escolha é feita via aplicativo. (Vídeo: Fan Controlled Football League)
Experiência de interação dos torcedores com a marca do time com realidade aumentada. Tecnologia fará parte do futuro do esporte.

O futuro do esporte

O interesse pelo esporte segue grande entre os jovens, mas o modelo de apresentação dos eventos e de consumo no mundo esportivo está ultrapassado para eles. As ligas de todas as modalidades precisam criar novas experiências, com foco no engajamento dos fãs, nas inovações de transmissão e na interatividade, tendo a tecnologia no papel central da reformulação. Do contrário, os futuros Stephen Curry e demais ídolos esportivos farão suas brilhantes jogadas para públicos cada vez menores. Que pena!

Estádios terão de “convencer” torcedor a largar o conforto de casa para enfrentar multidão. Tecnologia tem papel fundamental na experiência dos fãs (Vídeo: Visa Communication)

Realidade aumentada proporcionará novas formas de interação com o público, que poderá compartilhar nas redes sociais experiências únicas. (Vídeo: Club Estudiantes de La Plata)

Texto publicado por Wladimir D’Andrade no jornal Diário da Região em junho de 2022.

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