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Nossos gêmeos digitais

Rosto de mulher que se transforma em digital a partir da metade direita da face, para representar o conceito de gêmeos digitais.
No futuro cada indivíduo poderá ter o seu gêmeo digital que o acompanhará por toda a vida, desde o nascimento.

Você sabia que remédios se revelam inúteis contra doenças em até três de cada quatro pacientes em tratamento? O dado consta num relatório da FDA, a agência que controla o uso de medicamentos nos Estados Unidos. Ele dá, portanto, um panorama da efetividade dos remédios em doenças como depressão (38% de ineficácia) e câncer (75%). Pacientes respondem de forma única aos tratamentos em virtude, principalmente, das variações genéticas de cada um. A partir daí surge a medicina personalizada, que hoje cresce apoiada por tecnologias de ponta, uma delas a dos gêmeos digitais.

O conceito é simples. Gêmeos digitais são réplicas virtuais de objetos físicos ou de sistemas que permitem simulações fiéis de melhorias e riscos sem comprometer sua contraparte do mundo real.

Por exemplo, a plataforma P-50 da Petrobras tem um gêmeo digital alimentado por sensores e dados de diversas fontes que, com inteligência artificial e realidade aumentada, permite aos técnicos fazer testes sem arriscar a estrutura física da instalação e as vidas nela embarcadas.

Os gêmeos digitais são largamente utilizados na indústria manufatureira. O bom uso das réplicas, porém, vem de longa data.

Resgate no espaço

Era abril de 1970 e a NASA estava diante do maior desafio da sua história. Ela precisava trazer vivos para casa os três astronautas da missão Apollo 13. Por conta de um único fio desencapado eles ficaram no limiar de vagar eternamente pelo espaço sideral. Não havia missão de resgate. Assim sendo, os próprios tripulantes tinham de manejar o retorno orientados pela equipe de controle da missão.

Mas a agência possuía uma réplica da nave em que seus técnicos trabalharam para criar soluções que os astronautas pudessem reproduzir no cosmo, de fornecimento do oxigênio ao uso da escassa eletricidade para a reentrada na atmosfera. O que salvou aqueles homens foram os procedimentos testados e aprovados a partir da cópia, em terra, idêntica à nave no espaço.

Gêmeos digitais na medicina

Nos últimos anos a medicina se apoderou do conceito e investiu em pesquisas com gêmeos digitais. A Siemens Healthineers desenvolve na Alemanha um gêmeo digital do coração adaptável a cada paciente a fim de rastrear doenças cardíacas e simular intervenções como o implante de um cateter.

Na Suíça, a Hewlett Packard usa supercomputadores para criar um gêmeo digital do cérebro humano. Pesquisadores suecos estão mapeando o RNA de ratos em um gêmeo digital para testar os efeitos de doses de medicamentos contra a artrite com o objetivo de, então, personalizar o tratamento em pessoas.

No futuro cada indivíduo poderá ter o seu gêmeo digital. Desse modo, uma réplica virtual acompanhará o paciente por toda a vida desde o nascimento. Alimentados por sensores eletrônicos em escala nano, os gêmeos digitais gerarão informações em tempo real sobre o desempenho de sistemas do corpo, órgãos e células.

Assim, será possível prever o surgimento de doenças, identificar tratamentos com maior chance de sucesso, revelar remédios eficazes e indicar comportamentos específicos para uma existência longeva e saudável. Cada um terá, enfim, o cuidado médico para chamar de seu.

Você já conhecia o conceito de gêmeos digitais? Talvez pelo termo em inglês, digital twins? Deixe, então, o seu comentário aí embaixo sobre esse fascinante assunto.

Texto publicado Por Wladimir D’Andrade no jornal Diário da Região em março de 2022.

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