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Exploração espacial comercial: Para o infinito, e além!

silhueta de astronauta contra a imagem da Lua no espaço sideral
O valor prático do conhecimento é imprevisível. Exploração espacial dá diversos exemplos, de tecnologia médica a eletrodomésticos.

Há 59 anos o então presidente dos EUA, John F. Kennedy, fez em Houston o discurso que mudou a história da exploração espacial. As palavras inspiraram uma geração de cientistas, políticos, militares e civis para um dos maiores feitos da humanidade, o pouso na Lua. Assim como naquela época hoje as atenções estão voltadas para o céu. Mas desta vez motivadas por vozes de bilionários empresários a procura de lucro para impulsionar seus foguetes. Estamos na era da exploração comercial do universo. O que nos faz pensar: qual é o problema da iniciativa privada tomar a frente da corrida espacial?

Muitas vezes o valor prático do conhecimento é imprevisível. Diversas tecnologias estavam longe de existir quando Kennedy convocou os norte-americanos para a empreitada da Lua. No entanto, a partir dali a ciência avançou em corações artificiais, mamografia e cirurgias a laser que salvam milhares de vidas. Acelerou o desenvolvimento de microchips, materiais para smartphones, carros e roupas, e produtos como colchões e eletrodomésticos.

Sobre lucros

Empresas não podem se envolver em projetos sem a perspectiva de lucrar com eles. Na lógica do mercado as companhias dedicarão esforços a interesses próprios ao invés de iniciativas que podem favorecer a sociedade, mas que dificilmente darão retorno sobre o dinheiro investido. Aí mora o problema do domínio do capital privado.

Imagine o telescópio Hubble. A missão produziu dados que fundamentaram mais de 14 mil artigos científicos no mundo. Foi financiada principalmente por cidadãos norte-americanos que pagaram cada um US$ 1,60 ao ano. E se o telescópio fosse da iniciativa privada? Neste caso ele só seria viável com uma forma de recuperar os bilhões de dólares empregados na construção, no lançamento e na manutenção do aparelho. Haveria, portanto, cobrança para pesquisadores usarem as informações.

As agências espaciais

Para corrigir tais distorções no propósito do programa espacial o Estado deve trabalhar em conjunto com as empresas. Agências governamentais como a NASA têm o papel de perseguir missões nas quais a motivação do lucro não é evidente, mas que podem resultar em benefícios transformadores no longo prazo. Melhor ainda se no caminho as agências viabilizarem mercados comerciais, pois conseguirão fazer da iniciativa privada sua aliada na função. Isso já aconteceu antes.

Anos atrás a NASA financiou a SpaceX no desenvolvimento de foguetes mais baratos. Hoje contrata a empresa de Elon Musk para levar astronautas até a Estação Espacial Internacional. A NASA viabilizou um mercado de transporte espacial ao mesmo tempo que se privilegia dele – paga até 75% menos que há dois anos no lançamento de uma sonda.

Precisamos, então, aproveitar o ímpeto dos empresários. Se conseguirmos conjugar a eficiência do capital privado com o propósito científico e humano da exploração espacial daremos sentido a tudo isso. E muito mais que milionários se exibindo do espaço no Instagram conseguiremos saltos de conhecimento ​​para o progresso de todas as pessoas. Assim como conclamou Kennedy naquele 12 de setembro de 1962.

Texto publicado Por Wladimir D’Andrade no jornal Diário da Região em outubro de 2021.

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