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Quem tem medo das metas para o clima?

A imagem mostra o conceito por trás das metas para o clima. Ampulheta sobre fundo opaco em que dentro se encontram uma geleira derretendo na parte de cima e pingando água sobre a Terra que está na parte de baixo.
Temos apenas nove anos para mudar drasticamente a matriz econômica global para uma composição sustentável.

Líderes políticos, cientistas e empresários do mundo todo decidem na COP26 as metas para o clima que cada país assumirá para evitar uma catástrofe na Terra. A situação é urgente. Segundo o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), limitar o aquecimento global a 1,5°C exige o corte das emissões de carbono pela metade até 2030. Temos, portanto, apenas 9 anos para mudar drasticamente a matriz econômica global para uma composição sustentável.

A meta de 1,5°C impõe um alto custo político e financeiro. Quero, no entanto, propor um outro olhar, o da oportunidade. É possível desencadear uma verdadeira revolução com mais ganhos para os negócios no longo prazo porque temos tecnologias viáveis comercialmente para isso. Além de outras que, hoje em caráter experimental, devem se tornar realidade em breve.

Iniciativas inovadoras

Entre as tecnologias estão sensores que capturam dados de tudo, apoiados por inteligência artificial, e identificam situações apropriadas para ações sustentáveis que geralmente passam despercebidas. A VLI, empresa de logística da Vale, criou um algoritmo que analisa o consumo de combustível de toda operação ferroviária para planejar melhor a condução e a manutenção dos trens. Com o projeto, a VLI economizou 2 milhões de litros de diesel, ou seja, o equivalente a 5 mil toneladas de CO2 que deixou de emitir na atmosfera.

Área central no debate do clima, o setor energético vem apresentando inovações junto com uma contínua queda de preços de fontes renováveis, como por exemplo a eólica e a solar. Em Belo Horizonte o centro de pesquisa CSEM Brasil desenvolveu um adesivo fotovoltaico orgânico capaz de transformar a luz do Sol em eletricidade. A invenção pode revestir milhões de metros quadrados disponíveis nas fachadas espelhadas dos prédios hoje inutilizadas.

O agronegócio – apontado como vilão por conta de desmatamento, degradação do solo e poluição por gás metano resíduo da pecuária – também flerta com a disrupção. Robôs autônomos e drones identificam pontualmente problemas no cultivo, planta a planta. Assim, o produtor intervém em locais específicos ao invés de pulverizar toda a plantação com agrotóxico. Na Noruega, a Saga Robotics aplica tratamento com luzes de ondas curtas que reduz em até 90% o uso de fungicidas na plantação de frutas.

De navios a talheres sustentáveis

Além disso, para um futuro sustentável é possível apontar iniciativas como a da francesa CFT que desenvolve o primeiro navio do mundo movido a hidrogênio (cujo resíduo é água pura), um dispositivo da startup inglesa Zelp instalado no focinho de bois que elimina pela metade o gás metano e os talheres veganos comestíveis da indiana Bakey’s que substituem utensílios plásticos (só nos EUA são descartados 40 bilhões deles por ano).

A inovação e a mente humana estão prontas para o desafio de transformar uma civilização poluente em uma sociedade que acolhe o planeta. Temos, então, que aproveitar essa oportunidade para fazer de ambiciosas metas para o clima da COP26 o motor de transformação positiva das nações. Acreditem, há vida – e muito lucro – na economia sustentável do futuro.

Texto publicado Por Wladimir D’Andrade no jornal Diário da Região em novembro de 2021.

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