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A bondade intrínseca do ser humano

Roda de crianças em que cada uma segura nas mãos uma réplica do planeta Terra, simbolizando como o ser humano é sociável e possui uma bondade intrínseca.
O Homo sapiens superou a concorrência dos demais hominídeos ao desenvolver a sociabilidade, a solidariedade e a bondade.

Por que o Homo sapiens sobreviveu enquanto o contemporâneo homem de Neandertal, que tinha maior massa cerebral e melhor estrutura física, foi extinto? Essa é uma das perguntas feitas no excelente “Humanidade – uma história otimista do homem” de onde o historiador Rutger Bregman parte para defender a teoria de que a bondade é intrínseca aos seres humanos, em contraponto à suposição do caráter egoísta que os faz agir por interesse próprio.

Uma das principais explicações científicas para a questão sustenta que o Homo sapiens superou a concorrência por ser mais sociável que os Neandertais e demais hominídeos. Nossa espécie aprendeu a conviver com um número diversificado de indivíduos. E esse contato ajudou no acúmulo de conhecimento e no desenvolvimento do trabalho em equipe. Ou seja, o espírito coletivo nos fez seres mais adaptados à vida no planeta.

A socialização entre indivíduos e grupos só aconteceu porque a espécie desenvolveu características como solidariedade, generosidade e bondade. Então vivemos com estes traços durante dezenas de milhares de anos, um tempo gigantesco se comparado ao período que temos desde o assentamento na terra e o início da civilização.

Onde está a bondade?

Porém, se o ser humano tem boa índole o que explica casos como o Holocausto? E o genocídio em Ruanda nos anos 1990 ou os assassinatos de George Floyd e inúmeros negros do mundo todo? Segundo o autor do livro, o ser humano sente mais afinidade pelos indivíduos que se parecem com ele. Os diferentes viram alvos da fúria. A perversidade, portanto, não faz parte da natureza humana. Mas quando as pessoas são seduzidas a proteger os seus elas têm a capacidade de cometer os atos mais cruéis.

Ora, nos últimos dois anos passamos por intensos e longos períodos de isolamento. Diante dessa situação recorremos como nunca às redes sociais com seus algoritmos que concentram qualquer discussão em lados opostos a fim de potencializar o engajamento dos usuários. E nessa polarização as pessoas protegem aquelas que pensam de forma semelhante e se afastam das que enxergam o mundo de maneira diferente (e geralmente o fazem com intensa troca de ofensas).

A pandemia acelerou a precariedade da socialização. Nossos atos indicam que caminhamos para um afastamento entre pessoas, líderes e nações justo quando necessitamos de união para resolver grandes problemas globais – pandemia, mudanças climáticas, reordenamento social provocado por tecnologias como a inteligência artificial.

Votos

É nesse contexto de desunião que faço meus votos para 2022. Que todos nós façamos um esforço para aproximar do diferente, para escutar o outro com empatia e para buscar consenso. Que a gente cuide para que nossos pensamentos busquem evitar qualquer forma de violência ao invés de procurá-la. E que tenhamos a coragem para dar uma chance à ideia de que as pessoas são, sim, decentes e generosas por princípio.

Um grande desafio, mas cujos resultados trarão mais respeito, prazer em conviver e felicidade.

Um ótimo ano a todos.

Texto publicado Por Wladimir D’Andrade no jornal Diário da Região em janeiro de 2022.

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